Foto: Beto Albert (Arquivo Diário)
A escassez de chuva e os efeitos do fenômeno La Niña começam a preocupar produtores da Região Central. Em entrevista ao F5, da Rádio CDN, o gerente regional da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater), Guilherme Passamani, afirmou que as condições climáticas têm dificultado o andamento do plantio e já impactam lavouras recém-implantadas.
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— A gente tem acompanhado o plantio das culturas de grãos aqui da nossa região e observamos uma dificuldade de avanço mediante as condições climáticas. Também já há preocupações com as culturas estabelecidas. A persistência do fenômeno La Niña, que já estava previsto desde a metade deste ano, tem demonstrado uma certa intensidade na segunda quinzena de novembro e início de dezembro, o que nos preocupa — disse Passamani.
Soja e milho atrasados
O levantamento mais recente da Emater indica que 75% da área de soja está plantada na região, quando o ideal seria próximo de 81%. Segundo Passamani, as chuvas da última semana foram “incipientes” e insuficientes para acelerar o ritmo.
No caso do milho, apenas 58% da área prevista foi semeada. Além da falta de umidade, a cultura enfrenta redução de 12% na área em relação ao planejado inicialmente.
— Há previsão de redução de área, e isso não se deve apenas às restrições hídricas. Víamos uma expectativa de aumento em relação ao ano passado, mas isso não aconteceu — afirmou.
O milho é hoje a cultura que mais preocupa. Parte das lavouras já entra no período reprodutivo, justamente o mais sensível à estiagem.
— É a cultura que mais nos preocupa nesse momento, porque o milho está entrando em período reprodutivo. Se não vier esta próxima chuva, a preocupação é ainda maior — destacou.
Arroz mantém ritmo, mas pode ter redução
O arroz é a cultura mais avançada, com 85% da área plantada, dentro da normalidade. Porém, há possibilidade de redução de área devido a dificuldades de acesso ao crédito e ao preço baixo do grão.
— A redução ainda está em análise, é precoce afirmar um percentual. Muitos agricultores tiveram dificuldade para renegociar dívidas e acessar crédito rural. Isso tem desmotivado os agricultores a seguirem com plantio do arroz. Daquela renegociação dos R$ 12 bilhões, mais a metade não conseguiu renegociar. Somam-se prejuízos de estiagens, enchentes e a dificuldade de realizar os investimentos necessários pra buscar uma produtividade que é potencial de fato para a região — explicou Passamani.
Expectativa para o clima
Os modelos climáticos indicam uma transição do La Niña para a normalidade a partir de janeiro. Se isso se confirmar, fevereiro e março, meses decisivos para o desenvolvimento da soja, podem trazer menor impacto à produtividade.
— Naturalmente, podemos ter alguma redução (de produtividade), mas não tão intensa como nos últimos anos, desde que os modelos se confirmem. O que mais nos angustia agora é o plantio. A chuva prevista para o fim da semana é crucial para definir o cenário — disse.
Confira a entrevista completa